Estatísticas da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) indicam que 18 crianças de 5 a 11 anos morreram por Covid-19 em Pernambuco desde o início da pandemia, em março do ano passado. O número corresponde a, aproximadamente, um óbito nessa faixa etária a cada 36 dias.
Ainda segundo o levantamento da SES-PE, feito a pedido da reportagem, 242 crianças de 5 a 11 anos contraíram Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) por Covid-19 no Estado – os dados de casos leves não estão disponíveis por causa do apagão no e-SUS, sistema do Ministério da Saúde alvo de suposto ataque hacker há duas semanas.
Em todo o Brasil, 301 crianças desse grupo morreram vítimas da Covid desde março de 2020 segundo dados da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19. Ao todo, 6.163 diagnósticos de casos graves da doença foram feitos no País nesses 21 meses de pandemia do coranavírus Sars-CoV-2.
Para essa faixa etária, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em 16 de dezembro, a imunização contra o Sars-CoV-2 com o imunizante fabricado pela Pfizer. O Governo Federal, no entanto, ainda não deu o aval para o início da campanha de vacinação infantil – o ministro da Saúde Marcelo Queiroga convocou audiência pública para janeiro. O Governo de Pernambuco aguarda a orientação federal.
Na porta do ministério, em Brasília, Queiroga disse, na manhã desta quinta-feira (23), que, na faixa etária de 5 a 11 anos, “se identifica menos óbitos em decorrência da Covid-19” e, por isso, não há demanda de urgência para a decisão em relação à liberação da vacinação infantil.
“Os óbitos de crianças estão dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, isso favorece que o ministério possa tomar uma decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia”, afirmou o ministro.
Nesta quinta-feira, o governo abriu consulta pública para receber manifestações da sociedade civil acerca da vacinação infantil.
O ministério também não adquiriu as doses necessárias para imunizar as crianças, que têm uma série de recomendações da Anvisa, como priorizar grupos de risco, uso de frascos com tampas de cores diferentes e que as crianças permaneçam no local em que a vacinação ocorrer por, pelo menos, 20 minutos após a aplicação, de forma a serem observadas por esse período.
A reguladora sanitária ainda indica que a vacina não deve ser administrada de forma concomitante com outros imunizantes do calendário infantil. O recomendado, por precaução, é esperar um intervalo de, ao menos, 15 dias.
Para o médico pediatra Eduardo Jorge da Fonseca, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), não existe razão para a não vacinação das crianças.
“As crianças adoecem menos e de forma mais leve. Entretanto, têm papel importante na transmissão da doença. A vacina de 5 a 11 anos tem se mostrado extremamente segura, com poucos eventos adversos”, frisa o especialista, ao citar o exemplo de outros países que já imunizam na faixa pediátrica, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Argentina, China, Chile, Espanha, França, Israel e Portugal.
Segundo Eduardo, a imunidade coletiva só poderá ser alcançada se também as crianças forem vacinadas. “Estamos diante de uma situação epidemiológica que, no Brasil, a mortalidade [de crianças] é baixa, mas existe. Não existe razão para o governo postergar essa compra, a vacina foi autorizada”, acrescenta o pediatra, lembrando ainda que o País e o mundo observam a circulação da variante ômicron, até então mais transmissível que as anteriores.
Fonte: Folha de PE
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