Um dos personagens mais conhecidos e polêmicos do Nordeste foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. O rei do Cangaço nunca foi julgado por seus crimes, pois foi morto em 27 de julho de 1938, em uma emboscada policial, na grota do Angico, em Sergipe. Pensando nisso, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, um projeto acadêmico realizou nesta quinta-feira (31) o ?Juri Épico de Lampião?. A encenação, que teve recursos de um julgamento real, declarou Lampião, culpado.
O júri contou com uma defesa feita por advogados e defensores públicos. A acusação foi realizada por promotores do Ministério Público. Os juízes foram Marcos Bacelar, da Vara da Infância e da Juventude em Petrolina, e Elane Brandão Ribeiro, da Vara do tribunal do Júri do Recife.
O júri começou, por volta das 9h, no Centro Cultural Dom Bosco, em Petrolina. O réu Virgulino Ferreira da Silva foi acusado de assassinatos, estupro, extorsão, roubo e sequestro, segundo o recorte histórico. Os jurados foram escolhidos por sorteio. Os primeiros a serem ouvidos foram as vítimas sobreviventes. Depois de ser citado, o réu teve direito a resposta. No fim da manhã, as testemunhas de defesa começaram a ser ouvidas. O primeiro, foi o padre Cícero Romão. Em seguida, depois foram ouvidos Volta Seca e Curisco, cangaceiros do bando de Lampião.
A denúncia foi de uma ação de Lampião e do bando dele, em Capela, município de Sergipe, em 1930, e que resultou na morte de José Elpídio dos Santos. Destemido, Lampião não se mostrou intimidado pelos juízes e nem pela acusação. ?Entrei para o cançago por justiça e por destino, tudo começou por uma briga de terra e criação?. O réu negou ser o autor do assassinado, mas admitiu ser o mandante do crime. ? Eu precisava dar o exemplo, não podia tolerar desrespeito a mim, não. Não gosto de derramamento de sangue, mas infelizmente nesse caso, foi necessário?, disse Lampião.
O período da tarde foi destinado para aos debates entre acusação e defesa. Foram duas horas e meia para as alegações de promotores do Ministério Público e outras duas horas e meia para advogados e defensores. Só depois disso, os jurados seguiram para a sala secreta. Até que à noite, a sentença foi lida pelos juízes, declarando Virgulino Ferreira da Silva, culpado.
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