A delegada de Taguaí, Camila Rosa Alves, diz que a apuração preliminar indica falha humana e destaca o esforço de uma identificação célere dos corpos para que “as famílias possam prestar uma última homenagem”.
A colisão foi entre um ônibus que transportava funcionários de uma fábrica de jeans e uma carreta que levava estrume. A Star Turismo, empresa responsável pelo coletivo, operava de forma ilegal há mais de um ano, conforme a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).
Segundo Camila Rosa Alves, delegada de Taguaí, há mais de uma versão para a ocorrência, mas a apuração preliminar indica que pode ter sido um caso de falha humana. O acidente aconteceu em uma curva onde não era permitido ultrapassagens.
“A gente está apurando a conduta principalmente do motorista do ônibus, que está em estado grave. Mas a investigação depende da conclusão dos laudos periciais que foram realizados no local e da oitiva de testemunhas, que estavam no evento, mas que também estão hospitalizadas. Tem testemunha que está milagrosamente com lesão leve, mas tem o emocional. Agora, não é hora de se pegar oitiva”, disse ela. A Polícia Civil de Taguaí informou que o motorista do ônibus ainda não foi ouvido formalmente sobre as causas do acidente. A um policial que o ouviu de maneira informal, ele teria dito que o ônibus estava sem freios. O homem, de 55 anos, está internado, com suspeita de traumatismo craniano, na Santa Casa de Fartura.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as unidades do Instituto Médico-Legal (IML) de Avaré, Botucatu e Itapetininga foram acionadas, tendo em vista o número de óbitos. Inicialmente, os 11 feridos foram encaminhados para hospitais de Fartura, Taguaí e Taquarituba.Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, três foram transferidos para a Santa Casa de Avaré e dois para o Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – um homem de 26 anos e uma mulher que ainda não foi identificada, que estão em estado grave e com intubação.
“Estamos apurando os fatos e nossa preocupação é identificar todos os corpos. A gente está se adequando dentro dos recursos que possui para possibilitar um conforto para as famílias e a identificação mais célere possível para que possam prestar uma última homenagem levando em consideração a nossa situação de covid”, afirma a delegada.
A esposa de Ramon Pereira da Silva, 25 anos, uma das vítimas do acidente, disse que o motorista do ônibus que levava os trabalhadores sempre foi apressado.
Raquel afirmou que o marido trabalhava havia quase nove anos na Stattus Jeans e que já tinha reclamado do transporte. “O motorista sempre foi apressado mesmo. Não tinha medo de pisar no acelerador e agora está aí a tragédia de 41 pessoas mortas”, lamentou.
De acordo com a esposa da vítima, Ramon também já tinha se queixado de falta de segurança no ônibus. “Ele dizia que o transporte faltava cinto, que não tinha um bom empenho da empresa para as pessoas se sentirem seguras”, lembrou Raquel.
Ramon e Raquel se conheceram há mais de três anos e tinham um ano e quatro meses de casados. Da união do casal nasceu Alice, que completou sete meses na segunda-feira (23).“Meu marido era um bom pai, um bom marido. Nunca deixou faltar nada em casa. Sempre cuidou muito bem de todos. Era muito querido por todos. Agora ele virou uma estrela no céu. Agora ele brilha ao lado de Deus”, disse a jovem.
O motorista do caminhão Geison Gonçalves Machado, de 22 anos, não tinha habilitação para dirigir caminhão, segundo informou a companheira dele, que preferiu não ser identificada.
Geison não era habilitado para categoria D, tinha apenas habilitação provisória para carro e, por isso, levava outro caminhoneiro junto nas viagens.
“Ontem, foi nossa última conversa à noite, quando ele me disse que tinha parado para dormir, que hoje acordaria cedo para viajar”, lembra.
O outro caminhoneiro que estava no banco de passageiro sobreviveu. O sobrevivente teve escoriações, foi levado a um hospital da região e teve alta.
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